Na mitologia grega, a figura imponente de Urano, personificação do céu, encarnava o impulso fecundante primário da natureza.
Urano é o deus do firmamento na mitologia grega.
Segundo a Teogonia, de Hesíodo, Urano foi gerado por Gaia (a Terra), nascida do Caos original e mãe também das Montanhas e do Mar.
Da posterior união de Gaia com Urano, nasceram os Titãs, os Ciclopes e os Hecatonquiros.
Por odiar os filhos, Urano encerrava-os no corpo de Gaia, que lhes pediu que a vingassem. Só Cronos, um dos Titãs, lhe atendeu.
Com uma harpe (cimitarra), castrou Urano quando este se uniu a Gaia.
Das gotas de sangue que caíram sobre ela nasceram as Erínias, os Gigantes e as Melíades (ninfas dos freixos).
Os testículos decepados flutuaram no mar e formaram uma espuma branca, de que nasceu Afrodite, a deusa do amor.
Com seu ato, Cronos separara o céu da Terra e permitira que o mundo adquirisse uma forma ordenada.
Na Grécia clássica não havia culto a Urano.
Este fato, aliado a outros elementos da narrativa, sugere uma origem pré-grega.
O uso da harpe indica fonte oriental e a história apresenta semelhança com o mito hitita de Kumarbi.Em Roma, Urano foi identificado com o deus Céu.Réia ou Cibele
Saturno, se bem que pai dos três principais deuses, Júpiter, Netuno e Plutão, não teve entre os poetas o título de Pai dos Deuses, talvez devido à crueldade que exerceu sobre os filhos, enquanto que Réia, sua esposa, era chamada a Mãe dos Deuses, a Grande Mãe, e era venerada com esse nome.
Os diferentes nomes com que é designada a mãe de Júpiter exprimiam sem dúvida atribuições diversas da mesma pessoa. Realmente essa deusa, sob qualquer dos seus muitos nomes, é sempre a Terra, mãe comum de todos os seres. Réia ou Cibele, que nas cerimônias dos cultos e crenças religiosas dos povos, parece ter sido o mais honrado. Eis o que se contava de Cibele:
Filha do Céu e da Terra, por conseguinte a própria Terra, Cibele, mulher de Saturno, era chamada a Boa Deusa, a Mãe dos Deuses, por ser mãe de Júpiter, de Juno, de Netuno, de Plutão e da maior parte dos deuses de primeira ordem. Logo depois de nascer, sua mãe expô-la em uma floresta, e os animais ferozes tomaram conta dela e alimentaram-na. Enamorou-se de Atis, jovem e formoso frígio, a quem confiou o cuidado do seu culto, sob a condição de que ele não violaria o seu voto de castidade. Atis esqueceu o juramento desposando a ninfa Sangarida, e Cibele puniu-o matando a rival. Atis ficou profundamente magoado; num acesso de delírio e desgraçado se mutilou; e ia enforcar-se, quando Cibele, com uma compaixão tardia, mudou-o em pinheiro.
O culto de Cibele tornou-se célebre em Frígia, de onde foi levado a Creta. Foi introduzido em Roma na época da segunda guerra púnica. O simulacro da Boa Deusa, uma grande pedra muito tempo conservada em Pessino, foi colocada no templo da Vitória, no monte Palatino. Foi um dos penhores da estabilidade do império, e se instituiu uma festa, com combates simulados, em honra de Cibele. Os seus mistérios, tão dissolutos como os de Baco, eram celebrados com um confuso ruído de oboés e címbalos; os sacrificadores davam uivos.
Sacrificavam-lhe uma porca, pela sua fertilidade, um touro ou uma cabra, e os padres, durante esses sacrifícios, sentados, batiam palmas no chão. O buxo e o pinheiro eram-lhe consagrados; o primeiro por ser a madeira de que se faziam as flautas, instrumentos empregados nas festas, e o segundo por causa do desgraçado Atis a quem Cibele tanto amara. Os seus sacerdotes eram os Cabiros, os Coribantes, os Curetes, os Dáctilos do monte Ida, os Galos, os Semíviros e os Telquinos, quase todos geralmente eunucos, em memória de Atis.
Representava-se Cibele com os traços e o garbo de uma mulher robusta, com uma coroa de carvalho, árvore que havia alimentado os primeiros homens. As torres sobre a sua cabeça representam as cidades que estão sob a sua proteção, e a chave que está em sua mão indica os tesouros que o seio da terra esconde no inverno e oferece no estio. É conduzida num carro tirado por leões. O carro é o símbolo da Terra que se balança e rola no espaço; os leões demonstram que nada, por mais feroz, deixará de ser domado pela ternura maternal, ou por outra, - que não há solo rebelde à indústria fecunda. As suas vestes são matizadas, geralmente verdes, alusão aos ornatos da natureza. O tambor que está a seu lado é o globo terrestre; os címbalos, os gestos violentos dos seus sacerdotes indicam a atividade dos lavradores e o ruído dos instrumentos da agricultura.
Alguns poetas supuseram que Cibele era a filha de Meon e Dindimo, rei e rainha da Frígia. Seu pai, tendo percebido que ela amava Atis, fez que este morresse com suas mulheres, e atirou os seus corpos em um montouro. Cibele ficou inconsolável.
Ops
Ops, o mesmo que Cibele e Réia ou a Terra, é representada como uma venerável matrona que estende a mão direita oferecendo socorro, e que com a esquerda dá pão ao pobre. Era também considerada com a deusa das riquezas. O seu nome quer dizer socorro, auxílio, assistência.
Não há que admirar de ver-se a Terra, tantas vezes personificada sob denominações diferentes. Fonte inesgotável de riquezas, mãe fecunda de todos os bens, ela se oferecia à adoração dos povos sob vários aspectos, conforme o clima e a região; daí, as múltiplas lendas e os seus inumeráveis símbolos.
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