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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Medusa


Medusa, ser terrível, embora monstro, é considerada pelos gregos uma das divindades primordiais, pertencente a geração pré - olímpica.
Só depois é tida como vítima da vingança de uma deusa. Uma das três górgonas, é a única que é mortal.
Três irmãs monstruosas que possuíam cabeça com cabelos em forma de serpentes venenosas, presas de javali, mãos de bronze e asas de ouro.
Seu olhar transformava em pedra aqueles que a fitavam.
Como suas irmãs, Medusa representava as perversões.
Euríale, simbolizava o instinto sexual pervertido, Ésteno a perversão social e Medusa a pulsão evolutiva, a necessidade de crescer e evoluir, estagnada.
Medusa também é símbolo da mulher rejeitada, e por sua rejeição incapaz de amar e ser amada, odeia os homens nas figura do deus que a viola e abandona e as mulheres, pelo fato de ter deixado de ser mulher bela para ser monstro por culpa de um homem e de uma deusa. Medusa é a própria infelicidade`, seus filhos não são humanos, nem deuses, são monstros. Górgona, apavorante, terrível.
O mito de Medusa tem várias versões, mas os pontos principais refletem estas características acima.
Como Midas ela não pode facilitar a proximidade, um transformava tudo em ouro com apenas um toque, ela é mais solitária mais trágica, não pode sequer olhar, pois tudo o que olha vira pedra, Medusa tira a vida, o movimento com um simples olhar, também não pode ser vista de frente, não se pode ter idéia de como ela é sem ficar paralisado, morrer.
Diz o mito que outrora Medusa fora uma belíssima donzela, orgulhosa de sua beleza, principalmente dos seus cabelos, que resolveu disputar o amor de Zeus com Minerva.
Esta enraivecida transformou-a em monstro, com cabelos de serpente.
Outra versão diz que Zeus a teria seqüestrado e violado no interior do templo de Minerva e esta mesmo sabendo que Zeus a abandonara, não perdoou tal ofensa, e o fim é o mesmo. Medusa é morta por Perseu, que também foi rejeitado e com sua mãe Danae trancado em uma arca e atirado ao mar, de onde foi resgatado por um pescador que os levou ao rei Polidectes que o criou com sabedoria e bondade.
Quando Perseu ficou homem, Polidectes enviou-o para a trágica missão de destruir Medusa.
Para isto receberia o auxílio dos deuses. Usando sandálias aladas pode pairar sobre as górgonas que dormiam. Usando um escudo mágico de metal polido, refletiu a imagem de Medusa como num espelho e decapitou-a com a espada de Hermes.
Do pescoço ensangüentado de Medusa saíram dois seres que foram gerados do conúbio com Poseidon. O gigante Crisaor e o cavalo Pégaso.
O sangue que escorreu de Medusa foi recolhido por Perseu.
Da veia esquerda saia um poderoso veneno, da veia direita um remédio capaz de ressuscitar os mortos. Ironicamente, trazia dentro de si o remédio da vida, mas sempre usou o veneno da morte.
" Três irmãs, três monstros, a cabeça aureolada de serpentes venenosas, presas de javalis, mãos de bronze asas de ouro: Medusa, Ésteno e Euríale. São símbolos do inimigo e se tem que combater. As deformações monstruosas da psiqué, consoante Chevalier e Gheebrant ( Dictionnaire des Symboles, Paris Robert Laffont, Júpiter, 1982) se devem as forças pervertidas das três pulsões: sociabilidade, sexualidade, espiritualidade" .(Brandão, ed. Vozes 1987).
Tenho observado em pacientes em terapia, alguns processos que remetem ao mito de Medusa. Estes relatam um sofrimento imenso devido a dificuldades em perceber a própria imagem. Quem sou eu?
A grande pergunta para qual toda a humanidade busca respostas. Para estas pessoas, como se tivessem uma imagem invertida refletida no espelho, a pergunta é o que eu não sou.
Incapazes de mostrar uma imagem positiva, como os filhos monstros de Medusa, erram pela vida alinhando possibilidades para construir sua monstruosidade.
Estes filhos de Medusa, embora filhos de um deus, herdam da mãe a figura monstruosa a que se viu presa a bela Medusa. A duplicidade da Mãe os acompanha.
Pégaso unido ao homem é o Centauro, monstro identificado com os instintos animalescos. Mas tambem é fonte, como seu nome simboliza, alado , é fonte de da imaginação criadora sublimada e sua elevação.
Temos em Pégaso os dois sentidos ,a fonte e as asas. Símbolo da inspiração poética representa a fecundidade e a criatividade espiritual. Pégaso talvez represente o lado belo de Medusa, que ficou escondido, que não podia ser visto, pois como vimos ela representava a pulsão espiritual estagnada. Pégaso é a espiritualidade em movimento. Crisaor é apenas um monstro, pai de outros monstros Gerião de três cabeças e Équidna. Équidina herda da avó o destino trágico.
Seu corpo metade mulher, de lindas faces e belos olhos, tem na outra metade uma enorme serpente malhada, cruel . É a bela mulher de gênio violento. Incapaz de amar, devoradora de homens. Uma reedição de Medusa. Continuará a saga ancestral de odiar os homens e gerar monstros.
Com uma imagem distorcida, como dizíamos anteriormente, estes "filhos de Medusa" não podem ver-se a si mesmos como são, e sempre imaginam bem piores até mesmo do que poderiam ser.
Alguns autores como Melanie Klein e Alexander Lowen falam que a imagem de si se origina do olhar da mãe. A forma como a criança é olhada, é vista, o que ela percebe de rejeição ou aprovação é captado no olhar da mãe.
Os tristes filhos de Medusa não podem vê-la, tambem não podem ser vistos por ela. Esta mãe de mãos de bronze não pode acariciar, seu olhar paralisa, seus dentes de javali impedem que beije, mas quando poderia ser atingida pelo filho ela se torna divina, tem asas de ouro, é um alvo móvel.
Medusa incorpora para estas personalidades de estrutura depressiva o mito da mãe divina, vista pelo seu filho como a santa mãe, não gera filhos felizes, apenas trágicos. Não pode ser mulher, é santa.
A princípio como Jocasta, depositária da paixão do filho, Medusa não o ama, fazendo-o sentir-se torpr e culpado pelo seu amor incestuoso.
Como recurso ele a santifica para continuar amando-a e justificando a sua rejeição como forma de protege-lo da sua própria torpeza.
Desprovida como santa de instinto sexual, não pode falar ao seu filho da sexualidade feminina, não pode dizer-lhe o que é uma mulher. Inacessível como santa, torna-se monstro.
Monstro que é percebido pelo filho mas que se nega a ser visto como é. Medusa não olha, não acaricia, não orienta. Paralisa. Não é por acaso que o sentimento da depressão é a inércia, a perda da vitalidade.
Como se tivessem transformados em pedra pelo olhar da mãe os filhos de Medusa erram pela vida sem espelhos que traduzam sua imagem. São monstros cuja criatividade afogada na pedra de suas almas precisa ser libertada. Precisam encontrar um espelho e que lhes diga quem são ou pelo menos quem não podem ser.
No trabalho terapêutico de pacientes com depressão, tenho observado que há uma enorme dificuldade em perceber a figura materna. Ela é idealizada a partir de perfis culturais que parecem não poder ser questionados.
Frases como: "qual a mãe que não ama seus filhos?" ou "toda mãe é uma santa" traduzem a situação que impede a visão do real. São pessoas desprovidas de afeto, mas com uma enorme necessidade de carinho, que no entanto não suportam proximidade, de uma vez que não confiam em ninguém, pois não acreditam que podem ser amados. Sentem se monstros. Alguns mais adiante no processo chegam a perceber nitidamente que não foram amados, mas como se esquivando de perceber a profundidade dessa dor negam afirmando que isto é normal, diante da sua torpeza. Falam de mães ocupadas, falam de mães vaidosas ressentidas da perda da beleza com o nascimento do filho. Mas essas referências são quase superficiais.
Quando conseguem se aproximar da visão real dessa mãe de garras e mãos de bronze os sintomas se multiplicam, aumenta a depressão e com esta a paralisia, a inércia. Podem passar vários dias deitados, sem trabalhar ou realizar um mínimo de esforço.
Ver Medusa é petrificar-se. Muitos desenvolvem sintomas de dor de cabeça, medo de doenças fatais como câncer, AIDS (doenças ligadas a amputação, decapitação, ao sangue, a sexualidade e sintomas de castração).
As fantasias de autopunição se multiplicam, relatam possibilidades de acidentes de automóvel ou com armas de fogo. Tem fantasias de traição com amigos ou companheiras. São pessoas trágicas. Todos relatam uma ausência de alegria, mesmo quando estão em ambientes alegres. Uma profunda inveja do prazer do outro os assola. Muitos perseguem a fantasia de resolver a falta com postos de poder e dinheiro. Aumenta a dor. O poder que tanto ansiaram ou o dinheiro que tudo resolveria aumentam a profundidade do abismo. Ter tudo e não sentir-se nada é muito mais terrível. O abismo se abre cada vez mais como as entranhas da mãe monstruosa. Restam- lhes fantasias suicidas. É preferível morrer a sentir-se monstro. Muitos realizam esta fantasia como ultima tentativa de atingir Medusa.
Mas ela nada sentirá, seu ódio pelo homem que a violou transmite-se ao filho que gerou. Sua pior inimiga Minerva ( a deusa da inteligência), deixa-lhe como legado o ódio às mulheres.
Não pode dizer ao filho como lidar com elas, como gerar com elas novos filhos, amados ,sadios. Sua descendência, embora não precise ser deverá ser de monstros gerando outros monstros. Fala-se da hereditariedade da depressão. Penso que se houver é muito mais transmitida em gestos e pelo ambiente trágico e desprovido de prazer, em que estas novas crianças nascerão.
Os filhos de Medusa não podem ter mulheres amorosas, isto a denunciaria. Raramente, quando encontram estas mulheres não podem confiar nelas e abortam assim a possibilidade de obter o amor que os revitalizaria.
Mas, apesar das dificuldades e das fantasias autopunitivas, Medusa pode ser vista.
Através do espelho do terapeuta e deste como espelho, a figura de medusa pode ser vista. Se a relação terapêutica se dá de forma transferencial, amorosa, confiante, o espelho refletirá imagem de Medusa, como ela é.
Incapaz de amar, cruel e terrível, górgona, apavorante. Como resultado o filho descobrirá que o monstro é ela, não ele. Da morte dela resulta sua vida, e como Pégaso ele ganha os céus, liberto, simbolizando a vitória da inteligência e sua união com a espiritualidade, a sensibilidade que sempre existiu naquele que se julgava o monstro.
Como Pégaso, se não se aferrar ao seu aspecto de humano comum, em revoltas descabidas e em vinganças inúteis poderá compreender a tragédia de Medusa e perdoa-la. Não se transformará no monstro Centauro, identificado com o instintos animalescos e a sexualidade desregrada. Se incorporar Centauro errará pela vida sem pertencer a ninguém. Homem de muitas mulheres, mas sem nenhuma. Será monstro preso a sua mãe monstruosa. Incapaz de amar como ela. Se assumir sua condição de Pégaso, será fonte, de todas as belezas, da mais pura elevação, da criatividade, da fidelidade. Não é por acaso que Pégaso simboliza a Poesia.
As filhas de Medusa também apresentam como ela a impossibilidade de ser amada. São mulheres tristes de trágica figura, mesmo quando belas. Condenadas a serem crianças eternas presas as entranhas da mãe, não podem deixar de ser filhas-monstro, a não ser para poderem ser mães- monstro. Filhas da violação e do abandono (é assim que Medusa transmite a elas sua relação com os homens) são mulheres-meninas, incapazes de perceber o homem a não ser como brinquedo, ou como fonte de sofrimento. Unem-se quase sempre a homens cruéis que possam justificar a idéia da mãe da impossibilidade de ser feliz com um homem.
Quando raramente encontram o amor, destroem-no destruindo o homem amado, como faz no mito Équidna, legítima herdeira deMedusa..
Mulheres de amores infelizes, herdam de Medusa as garras, as mãos de bronze, e as asas de ouro. Vítimas de novos abandonos reforçam em cada experiência infeliz a idéia da mãe.
Também possuem o olhar terrível. Das uniões infelizes geram filhos infelizes que carregam presos a si mesmas não por amor, mas pelo terror que podem gerar.
Novas medusas. Se pela procura puderem chegar ao espelho, podem ser deusas, podem ser Pégasos, ou até mesmo Poesia uma das Musas; se não seguirão seus destinos de mulheres- crianças gerando filhos que não podem amar e que no máximo lhes servem de brinquedo para suas brincadeiras cruéis de paralisar e aterrorizar pessoas. Seguem a saga de Medusa. Mulher que se torna monstro, pelo descuido de homem, pela crueldade de uma deusa.

Mas e as mulheres Medusa? O que lhes resta?

O próprio mito nos mostra.
Perseu filho de Danae, mãe amorosa, que segue seu filho no destino que lhes foi dado pelo pai terrível que ouviu de um mago que seria assassinado pelo neto.
Trancados em uma arca atirados ao mar são salvos por Poseidon que os encaminha a uma praia tranqüila onde são recolhidos por um pescador e levados ao rei Polidectis, que o educa amorosamente como filho. Perseu é filho de mãe amorosa, que tudo perde para seguir seu filho. Que abandonada por um homem, o próprio pai, atirada à morte por ele não transforma isto em ódio a masculinidade. Perseu também. Seu abandono pelo avô e pelo pai que não o salva, é no entanto criado por um pai amoroso.
Perseu e Danae o oposto de Medusa. Não permitiram que sua desgraça se transformasse em ressentimento para com a humanidade. Foram alcançados e salvos pelo amor humano.
Ao contrário de Medusa, da qual ninguém pode se aproximar. Somente Perseu poderia destruir Medusa, ele pode ser visto exatamente como seu contrario no espelho, ela mulher, ele homem, ela ressentida, ele perdoando, ela sem possibilidade de resgate, ele salvo pelo amor da mãe que o acompanha, pelo cuidado de um deus e pelo amor de uma pai-rei.
Tudo o que faltou a Medusa que precisa ser vista, no espelho, para poder ser destruída e libertar Pégaso.
Medusa tem que ser compreendida alem do seu aspecto monstro, como mulher-criança, frívola, presa a beleza passageira, desafiando a grande deusa, a inteligência a quem desafia e a quem odeia. Para depois de morta servir a ela, Minerva, mesmo que seja como esfinge no seu escudo.
Guiado pela inteligência e sabedoria de Minerva, que corrige o seu erro de ter criado um monstro, o olhar de Medusa agora é útil, tem aplicabilidade, destroi o inimigo. Já não mata os que ama.
Se a transferência não se realiza, se a relação terapêutica não se faz, e disse alguém que a terapia é uma função de amor, os filhos deMedusa verão no terapeuta a imagem dela e fugirão.
Tudo estará perdido, o amor não poderá realizar seu resgate, e Medusa permanecerá eternamente viva destruindo e paralisando até que se destrua ou destrua seus filhos.
Marise de Souza Morais e Silva Santos
Fonte: www.artpage.com.br
Medusa
Medusa, na mitologia grega, era um monstro ctônico do sexo feminino, uma das três Górgonas.
Filha de Fórcis e Ceto(embora o autor antigo Higino interpole uma geração e cite outro casal ctônico como os pais da Medusa), quem quer que olhasse diretamente para ela era transformado em pedra.
Ao contrário de suas irmãs Górgonas, Esteno e Euríale, Medusa era mortal; foi decapitada pelo heroi Perseu, que utilizou posteriormente sua cabeça como arma, até dá-la para a deusa Atena, que a colocou em seu escudo.
Na Antiguidade Clássica a imagem da cabeça da Medusa aparecia no objeto utilizado para afugentar o mal conhecido como Gorgoneion.

Medusa na mitologia clássica


Medusa, obra de Bernini.
Museus Capitolinos, Roma
As três irmãs Górgonas - Medusa, Esteno e Euríale - eram filhas das antigas divindades marinhas, Fórcis (Phorkys) e sua irmã, Ceto (Keto), monstros ctônicos de um mundo arcaico.
Sua genealogia é partilhada com outro grupo de irmãs, as Greias, como é explicado na obra Prometeu Acorrentado, de Ésquilo, que situa ambos os trios de irmãs num lugar longínquo, "a terrível planície de Cistene":
"Lá perto delas suas três irmãs feiosas, as Górgonas, aladas Com cobras no lugar de cabelo — odiavam o homem mortal —"
Enquanto os antigos artistas gregos, ao pintar vasos e gravar relevos, imaginavam a Medusa e suas irmãs como tendo nascido com uma forma monstruosa, os escultores e pintores do século V a.C. passaram a visualizá-la como sendo bela, ao mesmo tempo que aterrorizante. Numa ode escrita em 490 a.C., Píndaro já falava da "Medusa de belas bochechas".
Numa versão posterior do mito da Medusa, relatada pelo poeta romano Ovídio, a Medusa teria sido originalmente uma bela donzela, "a aspiração ciumenta de muitos pretendentes", sacerdotisa do templo de Atena.
Um dia ela teria cedido às investidas do "Senhor dos Mares", Poseidon, e deitado-se com ele no próprio templo da deusa Atena; a deusa então, enfurecida, transformou o belo cabelo da donzela em serpentes, e deixou seu rosto tão horrível de se contemplar que a mera visão dele transformaria todos que o olhassem em pedra.
Na versão de Ovídio, Perseu descreve a punição dada por Atena à Medusa como "justa" e "merecida".

Morte

Na maioria das versões do mito, enquanto a Medusa esperava um filho de Poseidon, deus dos mares, teria sido decapitada pelo heroi Perseu, que havia recebido do rei Polidetes de Sérifo a missão de trazer sua cabeça como presente.
Com o auxílio de Atena, de Hermes, que lhe forneceu sandálias aladas, e de Hades, que lhe deu um elmo de invisibilidade, uma espada e um escudo espelhado, o heroi cumpriu sua missão, matando a Górgona após olhar apenas para seu inofensivo reflexo no escudo, evitando assim ser transformado em pedra.
Quando Perseu separou a cabeça da Medusa de seu pescoço, duas criaturas nasceram: o cavalo alado Pégaso e o gigante dourado Crisaor.

Perseus com a Cabeça da Medusa, de Benvenuto Cellini, de 1554
Para a acadêmica britânica Jane Ellen Harrison, a "potência [da Medusa] somente se inicia quando sua cabeça é cortada, e aquela potência se encontra na cabeça; ela é, noutras palavras, uma máscara com um corpo acrescentado posteriormente a ela... a base do Gorgoneion é um objeto de culto, uma máscara ritual mal-compreendida."
Na Odisseia Homero não menciona a Medusa especificamente pelo nome:
"A menos que por minha ousadia Perséfone, a terrível,
Do Hades envie uma pavorosa cabeça de um monstro horrível."
inda para Harrison, "a Górgona teria nascido do terror, e não o terror da Górgona."
De acordo com Ovídio, no Noroeste da África, Perseu teria voado pelo titã Atlas, que segurava o céu em seus ombros, e o transformado em pedra.
Os corais do Mar Vermelho teriam sido formados pelo sangue da Medusa, derramado sobre algas quando Perseu colocou a cabeça num trecho do litoral, durante sua breve estada na Etiópia, onde salvou e se casou com a princesa Andrômeda. As víboras venenosas que infestam o Saara também foram citadas como sendo nascidas de gotas derramadas de seu sangue.

A Medusa Rondanini, mármore (h. 0.29 m)
Perseus voou então para Sérifo, onde sua mãe estava prestes a ser forçada a se casar com o rei Polidetes, que foi transformado em pedra ao olhar para a cabeça da Medusa. Perseu deu então a cabeça da Górgona para Atena, que a colocou em seu escudo, o Aegis.
Algumas referências clássicas se referem às três Górgonas; Harrison considerava que o desmembramento da Medusa num trio de irmãs seria um aspecto secundário do mito:
"A forma tripla não é primitiva, é apenas um exemplo de uma tendência geral... que faz de cada deusa uma trindade, o que nos deu as Horas, as Cáritas, as Semnas, e diversas outras tríades. Parece imediatamente óbvio que as Górgonas não são realmente três, mas sim uma + duas. As duas irmãs que não foram mostras são meros apêndices existentes pelo costume; a Górgona verdadeira é a Medusa."

Interpretações modernas


Medusa (de Arnold Böcklin, circa 1878)

Psicanálise

Em 1940, a obra Das Medusenhaupt (A Cabeça da Medusa), de Sigmund Freud, foi publicada postumamente. Este artigo preparou o terreno para a construção de um significativo corpo de críticas envolvendo o monstro mitológico.
Medusa é apresentada como "o supremo talismã, que fornece a imagem da castração - associada na mente da criança à descoberta da sexualidade maternal - e sua negação."
A psicanalista Beth Seelig analisa a punição da Medusa a partir do aspecto do crime de ter sido "estuprada" no templo da deusa Atena, no lugar de ter consentido voluntariamente, como um desenvolvimento dos próprios conflitos não-resolvidos da deusa com o seu pai, Zeus.

Feminismo

No século XX as feministas reexaminaram as aparições da Medusa na literatura e na cultura modernas, incluindo o seu célebre uso como logotipo feito pela empresa italiana de moda Versace.
O próprio nome "Medusa" é frequentemente utilizado de maneiras não ligadas diretamente à figura mitológica, mas sim de modo a sugerir as habilidades da Górgona ou para indicar malevolência; apesar dos mitos que a citam como um ícone de beleza, o nome passou a designar, em seu uso comum, um monstro.
De acordo com Mary Valentis e Anne Devane, no livro Female Rage: Unlocking Its Secrets, Claiming Its Power:
"Quando perguntamos às mulheres que aspecto a ira feminina tinha para elas, era sempre Medusa, o monstro com cabelos de cobra do mito, que vinha à mente... Em todas as entrevistas ouvíamos que a Medusa é 'a mulher mais horrível do mundo'... [embora] nenhuma das mulheres entrevistadas conseguisse se lembrar dos detalhes do mito."

Mosaico romano mostrando a Medusa, do Museu Arqueológico de Atenas
O semblante da Medusa foi adotado como um símbolo da ira feminina; uma das primeiras publicações a expressar esta ideia foi uma edição de 1978 da publicação Women: A Journal of Liberation, cuja capa mostrava a imagem de uma Górgona, que os editores explicavam que "pode ser um mapa para nos guiar por nossos terrores, pelas profundezas de nossa ira, até a fonte de nosso poder enquanto mulheres."
Num artigo de 1986 da revista Women of Power chamado "Ancient Gorgons: A Face for Contemporary Women's Rage," Emily Erwin Culpepper escreveu que "a face da Górgona amazona (sic) é a fúria feminina personificada. A imagem da Górgona/Medusa foi rapidamente adotada por uma grande quantidade de feministas, que a reconhecem como a face única de sua própria fúria."

Simbolismo

Aegis é o nome do escudo da deusa Atena, o qual tem a Górgona,[20] e que viria originar o nome em português de Égide, que significa precisamente “escudo”.
As gravuras da Górgona Medusa que decoravam os telhados dos templos gregos tinham como objetivo assustar os maus espíritos. As mais famosas dessas gravuras encontravam-se nos frontões do Templo de Ártemis (a quarta maravilha do Mundo Antigo) na ilha de Éfeso.
Algumas das taças de vinho atenienses nos meados do século VI a.C. apresentavam o seguinte aspecto: cerca da berma, no interior da taça, desenhavam-se cachos de uvas, não deixando dúvidas que naquela taça se servia apenas vinho; já perto do fundo, estão desenhadas em todo o contorno umas figuras negras de rapazes nus a servirem vinho aos convidados, enquanto que na base da taça, estava estampado o símbolo da Górgona, ou seja, quem bebesse por essas taças, no momento em que o vinho chegasse a um nível onde que era permitido poder-se ver as figuras negras, os servidores desnudados, significava que a taça necessitava de ser enchida; a cabeça da Górgona depositada no fundo, seria uma mensagem humorística que indicava ao convidado manter a taça do vinho sempre cheia durante a festa, caso contrário, viria a figura da Górgona desvendada e seria transformado em pedra.

Meduza (criatura)




Filhas de Fórcis, deus marinho muitas vezes identificado como Proteu, com sua esposa, Ceto, filha de Netuno com a ninfa Teséa, as Górgonas, segundo Hesíodo (século 8 a.C.), viviam na extremidade ocidental do oceano, próximo ao país das ninfas conhecidas como Hespéria, Eritéia e Egle, que os deuses transformariam mais tarde nas árvores choupo, olmo e salgueiro, respectivamente. Elas eram três, mas uma delas, Medusa, ao contrário de suas irmãs Esteno e Euríale, não possuía o dom da imortalidade. Para o autor da Teogonia, uma coletânea das lendas mais antigas sobre o nascimento e o feito dos deuses, os cabelos dessa trinca fantástica eram entrelaçados de serpentes, os braços de metal, o corpo coberto de placas impenetráveis, os dentes aguçados como presas de javali, e seus olhos transformavam em pedra quem as fitasse. Já para o poeta Homero, que supostamente viveu entre os séculos 11 e 7 a.C., ela era apenas uma. A versão mais difundida sobre a Medusa diz que no princípio ela era uma donzela extremamente bonita, mas de todos os encantos que possuía os mais belos eram os cabelos. Quando o deus Posseidon se enamorou da linda jovem e transformado em ave a raptou e e transportou ao templo dedicado a Atena (Minerva para os romanos), onde se uniu a ela, isso desagradou profundamente a deusa, que inconformada com a profanação do edifício onde era cultuada decidiu castigar a jovem transformando os seus longos fios de cabelo em horríveis serpentes, e dando aos seus olhos o poder maligno de petrificar todos aqueles em quem se fixassem. Além dessa, uma outra versão explica de forma diferente a metamorfose sofrida por Medusa: segundo esse relato, sendo ela extremamente vaidosa, a ponto até de se julgar mais bela que Atena, acabou sendo castigada pela deusa com sua transformação em um monstro terrível que passou a flagelar os arredores do lago Tritones, na Líbia. A lenda que relata a morte dessa terrível criatura diz que Perseu, filho de Zeus com Dânae, pretendendo proteger sua mãe do rei Polidecto, da ilha de Sérifos, no mar Egeu, prometeu entregar-lhe a cabeça da górgona. Preparando-se para cumprir a oferta que fizera, ele foi ajudado inicialmente pelo deus Hermes (Mercúrio), que lhe deu uma faca em forma de foice e mostrou como chegar às Gréias, três velhas que compartilhavam um olho e um dente entre si, e estas o ensinaram o caminho para as ninfas que poderiam dar a ele as armas de que precisava para combater a Medusa. Com elas Perseu obteve uma capa de escuridão que lhe daria a vantagem da surpresa, sandálias aladas para facilitar sua fuga, e uma bolsa especial onde a cabeça da inimiga deveria ser guardada tão logo fosse decepada. Equipado dessa maneira, e contando ainda com a ajuda da deusa Atena, que segurou um espelho de bronze no qual ele podia ver a criatura perigosa que enfrentava, sem precisar olhar diretamente para ela, Perseu a atacou com o rosto voltado para o lado, a fim de não encará-la, mas a Medusa, ao ver sua própria imagem refletida na couraça espelhada, transformou-se em pedra e teve sua cabeça imediatamente decepada pelo herói. Este colocou o seu troféu na bolsa que levava e retornou imediatamente a Sérifo, ajudado pelas sandálias aladas, mas a lenda revela que do sangue que jorrou no momento em que Medusa foi decapitada, nasceu Pégaso, o cavalo alado, filho da Górgona com o deus Posseidon. Cumprida a promessa feita, Perseu mais tarde ofertou a cabeça da criatura monstruosa a deusa Atena, que a colocou em seu escudo como proteção contra os inimigos. Segundo os mitólogos, Medusa tinha poderes tão extraordinários que uma mecha de seus cabelos afugentava qualquer exército invasor, e seu sangue tinha o dom de matar e ressuscitar pessoas. Mesmo depois de morta podia petrificar quem olhasse para sua cabeça, e foi assim, conforme diz a lenda, que Perseu derrotou adversários poderosos como o gigante Atlas, que ao desentender-se com o jovem guerreiro foi exposto a ela e teve o corpo imediatamente transformado em pedra, sua barba e seu cabelo transformaram-se em florestas, os braços e ombros, rochedos, a cabeça, um cume, e os ossos, as rochas. Cada parte aumentou de volume até se tornar uma montanha, e foi assim, pela vontade dos deuses, que o céu, com todas as suas estrelas, passou a se apoiar em seus ombros.

4 comentários:

  1. muito bom, há muito tempo que tinha curiosidade de saber mais sobre esta criatura ;)

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  2. otimmmmmmmmmmmmmmoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

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  3. Tenho uma medusa tatuada nas costas, pois gosto dessa força e poder que ela tinha, cabelos, sangue e olhos...

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