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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Hermes


Hermes
A figura do deus Hermes era motivo de grande veneração entre os gregos, que o consideravam um benfeitor e defensor da humanidade perante os deuses do Olimpo. Hermes, na mitologia grega, era filho de Zeus e da ninfa Maia.
Reverenciado como deus da fertilidade, tinha o centro de seu culto na Arcádia, onde se acreditava que tivesse nascido.
Seu nome tem origem, provavelmente, em herma, palavra grega que designava os montes de pedra usados para indicar os caminhos.
Considerado protetor dos rebanhos, era freqüentemente associado a divindades da vegetação, como Pã e as ninfas.
Entre suas várias atribuições incluíam-se as de mensageiro dos deuses; protetor das estradas e viajantes; condutor das almas ao Hades; deus da fortuna, da eloqüência e do comércio; patrono dos ladrões e inventor da lira.
Era também o deus dos sonhos, a quem os gregos ofereciam a última libação antes de dormir.
Nas representações mais antigas, aparece como um homem adulto, com barba, vestido com uma túnica longa, ou com a imagem de um pastor, com um carneiro sobre os ombros.
Foi posteriormente representado como um jovem atlético e imberbe, com capacete alado, asas nos pés e, nas mãos, o caduceu - bastão mágico com que distribui fortuna.
Em Roma, foi assimilado ao deus Mercúrio.
Hermes
Como servente especial de Zeus, Hermes tinha sandálias com asas, um chapéu alado e um caduceu dourado, ou vara mágica, entrelaçado por cobras e coroado com asas.
Conduzia as almas dos mortos ao mundo inferior e acreditava-se possuir poderes mágicos sobre o sono e os sonhos.
Hermes era também o deus do comércio e o protetor dos comerciantes e dos rebanhos.
Como a divindade dos atletas, ele protegia os ginásios e estádios e atribuía-se a ele a responsabilidade pela fortuna e a riqueza.
Apesar de sua característica virtuosa, ele era também um inimigo perigoso, astuto e ladrão.
No dia de seu nascimento ele roubou o gado de seu irmão, o deus Apolo, obscurecendo sua trilha e fazendo o rebanho caminhar devagar, atrasando-o.
Quando inquirido por Apolo, Hermes negou o roubo.
Os irmãos finalmente se reconciliaram quando Hermes deu a Apolo sua mais nova invenção: a lira.
Hermes foi representado na arte grega como um homem barbudo e adulto; na arte clássica ele era representado com uma juventude atlética, nu e sem barba.

Filhos

Filhos com Afrodite: Hermafrodito

Etimologia

Em grego (Hermês) e tembém "herma, cipo, pilastra, estela com cabeça de Hermes", não possui etimologia confiável. Derivar o nome do deus de (hérma), "cipo, pilar" que o representa ou dos "montes de pedras" que o configuram, não é correto, pois que o nome do deus é anterior à "herma que o simboliza".
Hermes
Filho de Zeus e de Maia, a mais jovem das Plêiades, Hermes nasceu num dia quatro (número que lhe era consagrado), numa caverna do monte Cilene, ao sul da Arcádia.
Apesar de enfaixado e colocado no vão de um salgueiro, árvore sagrada, símbolo da fecundidade e da imortalidade, o que traduz, de saída, um rito iniciático, o menino revelou-se d euma precocidade extraordinária. No mesmo dia em que veio à luz, desligou-se das faixas, demonstração clara de seu poder de ligar e desligar, viajou até a Tessália, onde furtou uma parte do rebanho de Admeto, guardado por Apolo, que cumpria grave punição.
Hermes
Hermes e Argos - Pintura sobre tela - Negri petri 1635/40-1679
Percorreu com os animais quase toda a Hélade, tendo amarrado folhudos ramos na cauda dos mesmos, para que, enquanto andassem, fossem apagando os próprios rastros.
Numa gruta de Pilos sacrificou duas novilhas aos deuses, divindo-as em doze porções, embora os imortais fossem apenas onze: é que o menino-prodígio acabava de promover-se a décimo segundo. Após esconder o grosso do rebanho, regressou a Cilene. Tendo encontrado uma tartaruga à entrada da caverna, matou-a, arrancando-lhe a carapaça e, com as tripas das novilhas sacrificadas, fabricou a primeira lira.
Apolo, o deus mântico por excelência, descobriu o paradeiro do ladrão e o acusou formalmente perante Maia, que negou pudesse o menino nascido há poucos dias e completamente enfaixado, ter praticado semelhante roubo. Vendo o couro dos animais sacrificados, Apolo não teve mais dúvidas e apelou para Zeus. Este interrogou habilmente ao filho, que persistiu na negativa.
Convencido de mentira pelo pai e obrigado a prometer que nunca mais faltaria com a verdade, Hermes concordou, acrescentando, porém, que não estaria obrigado a dizer a verdade por inteiro. Encantado com os sons que o menino arrancava da lira, o deus de Delfos trocou o rebanho furtado pelo novo instrumento de som divino. Um pouco mais tarde, enquanto pastorava seu gado, inventou a (syrinks) a "flauta de Pã".
Apolo desejou também a flauta e ofereceu em troca o cajado de ouro de que se servia para guardar o armamento do rei Admeto.
Hermes aceitou o negócio, mas pediu ainda lições de adivinhação. Apolo assentiu e, desse modo, o caduceu de ouro passou a figurar entre os atributos principais de Hermes, que, de resto, ainda aperfeiçoou a arte divinatória, auxiliando a leitura do futuro por meio de pequenos seixos.
Divindade complexa, com múltiplos atributos e funções, Hermes parece ter sido, de início, um deus agrário, protetor dos pastores nômades indo-europeus e dos rebanhos, dái seu epíteto de Crióforo, por ser muitas vezes representado com um carneiro sobre os ombros.
Pausânias deixa bem claro essa atribuição primária do filho de Maia: "não existe outro deus que demonstre tanta solicitude para com os rebanhos e seu crescimento".
Hermes
Hermes - Escultura em bronze - Museu Pergamon, Berlin-AL
Os gregos, no entanto, ampliaram-lhe grandemente as funções, e Hermes, por ter furtado o rebanho de Apolo, se tornou símbolo de tudo quanto implica em astúcia, ardil e trapaça: é um verdadeiro trickster, um trapaceiro, um velhaco, companheiro amigo e protetor dos comerciantes e dos ladrões. Na tragédia Reso, 216sq., erradamente atribuída a Eurípedes, o deus é chamado "Senhor dos que realizam seus negócios durante a noite".
Ampliando-lhe o mito, os escritores e poetas igualmente lhe dignificaram as prerrogativas.
Na Ilíada, XXIV, 334sq., vendo o alquebrado Príamo ser conduzido pelo filho de Maia através do acampamento aqueu, Zeus exclama comovido:
Hermes, tua mais agradável tarefa é ser o companheiro do homem; ouves a quem estimas.
Nesse sentido, como está na Odisséia VIII 335. Hermes, mensageiro, filho de Zeus, é o pispensador de bens.
Além do mais, se qualquer oportunidade é uma dádiva do deus, é porque ele gosta de misturar-se aos homens, tornando-se, destarte, juntamente com Dionisio, o menos olímpico dos imortais.
Protetor dos viajantes, é o deus das estradas.
Guardião dos caminhos, cada transeunte lançava uma pedra, formando um (hérmaion), isto é, literalmente, "lucro inesperado, descoberta feliz" proporcionados por Hermes: assim, para se agradecerem ou para se obterem bons lucros, formavam-se, em honra do deus, verdadeiros montes de pedra à beira da estrada. Diga-se logo que uma pedra lançada sobre um monte de outras pedras simboliza a união do crente com o deus ao qual as mesmas são consagradas, pois que na pedra está a força, a perpetuidade e a presença do divino.
Para os gregos, todavia, Hermes regia as estradas, porque andava com incrível velocidade, pelo fato de usar sandálias de ouro, e, se não se perdia na noite, era porque, "dominando as trevas", conhecia perfeitamente o roteiro. Com a rapidez que lhe emprestavam suas sandálias divinas e com o domínio dos três níveis, tornou-se o mensageiro predileto dos deuses, sobretudo de seu pai Zeus e do casal ctônio, Hades e Perséfone.
De outro lado, conhecedor dos caminhos e de suas encruzilhadas, não se perdendo nas trevas e sobretudo podendo circular livremente nos três níveis, o filho de Maia acabou por ser um deus psicopompo, quer dizer, um condutor de almas, tanto do nível telúrico para o ctônio quanto deste para aquele: numa variante do mito, foi ele quem trouxe do hades para a luz a Perséfone e Eurídice; na tragédia de Ésquilo, Os Persas, 629, guiou, para curtos instantes na terra, o êidolon do rei Dario.
Hermes
Hermes - Les Métamorphoses d'Ovide - Bruxelles 1977
Para Mircea Eliade são as faculdades "espirituais" do deus psicopompo que lhe explicam as relações com as almas: "Pois a sua astúcia e a sua inteligência prática, a sua inventividade, o seu poder de tornar-se invisível e de viajar por toda parte em um piscar de olhos, já anunciam os prestígios da sabedoria, principalmente o domínio das ciências ocultas, que se tornarão mais tarde, na época helenística, as qualidades específicas desse deus"
Está com a razão o sábio romeno, pois aquele que domina as trevas e os três níveis, guiando as almas dos mortes, não opera apenas com a astúcia e a inteligência, mas antes com a gnose e a magia.
Embora, como frisa Walter Otto, "o mundo de Hermes não seja um mundo heróico", a esse deus psicopompo não apenas os deuses mas igualmente os homens ficaram devendo algumas ações memoráveis, levadas a efeito mais com a solércia e a magia do que com a força.
Hermes
Na Gigantomaquia, usando o capacete de Hades, que tornava invisível o seu portador, lutou ao lado dos deuses, matando o gigante Hipólito. Recompôs fisicamente a seu pai Zeus, roubando os tendões, que lhe arrancara o monstruoso Tifão. Libertou a seu irmão Ares, que os Alóadas haviam encerrado num pote de bronze. Salvou a Ulisses e a seus companheiros, estes já transformados em animais semelhantes a porcos, oferecendo-lhe como defesa uma planta fabulosa, de caráter apotropaico, denominada móli, cujos efeitos neutralizaram por completo a beberagem peçonhenta que lhe preparara a feiticeira Circe, conforme nos conta Homero na Odisséia, X, 281-329.
A grande tarefa de Hermes, no entanto, consisitia em ser o intérprete da vontade dos deuses. Após o dilúvio, foi o portador da palavra divina a Deucalião, para anunciar que Zeus estava pronto a conceder-lhe a satisfação de um desejo. Por intermédio dele, o consumado músico Anfião recebeu a lira, Héracles a espada, Perseu o capacete de Hades. Após insistente súplica de Atena a seu pai Zeus, foi ele o enviado à bela Calipso, com ordens para que permitisse a partida de Ulisses, há set anos prisioneiro da paixão da ninfa da ilha Ogígia.
Foi quem adormeceu e matou Argos, o gigante de cem olhos, colocado pela ciumenta Hera como guardião da vaca Io. Levou ao monte Ida, na Frígia, as três deusas, Hera, Atena e Afrodite, para que o pastor Páris fosse o árbitro na magna querela provocada por Éris, acerca da mais bela das imortais. Por ordem expressa de Zeus, cumpriu a ingrata missão de levar a Prometeu, aguilhoado a uma penedia, o ultimatum, para que revelasse o grande segredo que tantto preocupava o pai dos deuses e dos homens. Conduziu o pequeno Dionisio de asilo em asilo, primeiro para a corte de Átatmas e depois para o montet Nisa. A ele coube, igualmentet, a gratíssima tarefa de conduzir Pisqué para o Olimpo, a fim de que se casasse com Eros.
Hermes
Hermes - Escultura de mármore
Poder-se-iam multiplicar as missões e as comissões de Hermes, mas o que interessa mais de perto nesse deus tão longevo, que só faleceu, se é que faleceu, no século XVII, "são suas relações com o mundo dos homens, um mundo 'aberto', que está em permanente contrução, isto é, sendo melhorado e superado.
Os seus atributos primordiais - astúcia e inventividade, demínio sobre as trevas, interesse pela atividade dos homens, psicopompia - serão continuamente reinterpretados e acabarão por fazer de Hermes uma figura cada vez mais complexa, ao mesmo tempo que um deus civilizador, patrono da ciência e imagem exemplar das gnoses ocultas". Agilis Cyllenius, o deus rápido de Cilen, como lhe chama Ovídio nas Metamorfoses, o filho de Maia para os helenos, era o (lóguios), o sábio, o judicioso, o tipo inteligente do grego refletido, o próprio Lógos.
Hermes é o que sabe e, por isso mesmo, aquele que transmite toda ciência secreta. Não sendo apenas um olímpico, mas igualmente ou sobretudo um "companheiro do homem", tem o poder de lutar contra as forças ctônias, porque as conhece, como demonstrou Kerényi em sua obra capital sobre Hermes.
Todo aquele que recebeu deste deus o conhecimento das fórmulas mágicas tornou-se invulnerável a toda e qualquer obscuridade. No Papiro de Paris, o deus de Cilen é chamado, por esse motivo, "o guia de todos os magos", (pánton mágon arkheguétes).
Através do livro de Lúcio Apuleio sobre a bruxaria, ficamos sabendo que o feiticeiro o invoca nas cerimônias como aquele que transmite conhecimentos mágicos: Solebat aduocari ad magorum cerimonias Mercurius carminum uector - "Mercúrio costumava ser invocado nas cerimônias dos magos como transmissor de fórmulas mágicas".
Inventor de práticas mágicas, conhecedor profundo da magia da Tessália, possuidor de um caduceu com que tangia as almas na luz e nas trevas, foi com esses atributots que Hermes mereceu estes versos lindíssimos do maior poeta ocidental da antiguidade cristã, Aurélio Clement Prudêncio (cerca de 348 d.e.c.):
Nec non Thessalicae doctissimus illi magiae; traditur extinctas sumptae moderamine uirgae; in lucem reuocasse animas; ast alias damnasse neci penitusque latenti; inmersisse Chao. facit hoc ad utrumque peritus.
Mercúrio conhece profundamente a magia da Tessália e contat-se que su caduceu conduzia as almas dos mortos para as alturas da luz... mas que condenava outras à morte e as precipitava nas profundezas do abismo entreaberto. Ele é perito em executar ambas as operações.
Ad utrumque peritus, "hábil em ambas as funções", isto é, versado em conduzir para a luz ou para as trevas: eis aí o grande título de hermes, o vencedor mágico da obscuridade, porque sabe tudo e, por esse motivo, pode tudo.
Aquele que é iniciado pelo luminoso Hermes é capaz de resistir a todas as atrações das trevas, porque se tornou igualmente um "perito".
Mesmo após a grande crise por que passou a religião grega, com o martelamento dos teplos de seus deuses pelo imperador Flávio Teodósio, Hermes continuou vitorioso, através, claro está, de mil vicissitudes.
Assimilado ao deus egípcio Tot, mestre da escritura e, por consequência, da palavra e da inteligência, mago terrível e patrono dos magos, que, já no século V a.e.c., era identificado a Hermes, como ensina Heródoto, bem como ao inventivo e solerte Mercúrio romano, o deus de Cilene, com o nome de Hermes Trimegisto, isto é, "Hermes três vezes Máximo", sobreviveu através do hermetismo e da alquimia, até o século XVII.
No mundo greco-latino, sobretudo em Roma, com os gnósticos e neoplatônicos, Hermes Trimegisto se converteu num deus muito importante, cujo poder varou séculos.
Na realidade, Hermes Trimegisto resultou de um sincretismo, como já se assinalou, com o Mercúrio latino e com o deus "ctônio" egípcio Tot, o escrivão da psicostasia no julgamento dos mortos no Paraíso de Osíris e patrono, na Época Helenística, de todas as ciências, sobretudo porque teria criado o mundo por meio do lógos, da palavra.
Pois bem, em Roma, a partir dos primeiros séculos da era cristã, surgiram muitos tratados e documentos de caráter religioso e esotérico que se diziam inspirar-se na religião egípcia, no neoplatonismo e neopitagoricismo. Esse vasto conjunto de escritos que se acham reunidos sob a epígrafe de Corpus Hermeticum, "coleção" relativa a Hermes Trimegisto, fusão de filosofia, religião, alquimia, magia e, sobretudo de astrologia, tem muito pouco de egípcio. Desse Corpus Hermeticum muito se aproveitou a Gnose, em grego (gnôsis), "conhecimento", que se pode definir como conhecimento esotérico da divindade, que se transmite particularmente através de ritos de iniciação.
Hermes - cópiaromana de um original ateniense - 425 a.e.c.Os gnósticos com seu gnosticismo, isto é, sincretismo religioso, uma amálgama graco-egípcio-judaico-cristão, surgido também nos primeiros séculos de nossa era, procuraram conciliar todas as tendências religiosas e explicar-lhes os fundamentos por meio da gnose.
Como judiciosamente acentua Leonel Franca, essa erupção religiosa se deveu particularmente pela dúvida, o que fez os espíritos se voltarem para um "comércio mais íntimo com a divindade".
Diz Lonel Franca: "Fatigados pelo ecletismo e abatidos pela dúvida, buscam os espíritos em novos processos de conhecimento e num comércio mais íntimo com a divindade as bases de uma nova metafísica e a natural expansão de sentimentos religiosos a que já não podia satisfazer o Panteón despovoado de Roma.
Desta tendência nasceu o neoplatonismo fundado por Amônio Saca (176-243), mas organizado e unificado em corpo de doutrina por Plotino (205-270), seu discípulo.
Viu-se que Hermes, em troca da "flauta de Pã", recebeu de Apolo, além do caduceu, lições de mântica, de poder divinatório. Foi graças a esse dom do deus de Delfos, que o "deus alquímico" fez jus a um templo na Acaia, onde respondia às consultas de seus devotos pelo denominado processo das vozes.
Purificado, provalvelmente com o mais simples processo da ablução, o consulente dirigia-se para o fundo do templo, onde estava a estátua de Hermes e dizia-lhe baixinho ao ouvido o seu desejo secreto.
Em seguida, tapava fortemente as orelhas com as mãos e caminhava até o átrio do templo, onde, num gesto rápido, afastava as mãos: as primeiras palavras ouvidas dos transeuntes eram a resposta do oráculo e a decisão de Hermes. Esse método, direto e econômico, popularizou-se, passando a voz humana "não provocada" a ter poders mágicos. Afinal vox populi, vox dei, a voz do povo é a voz de Deus.
Hermes teve vários amores e vário filhos. o mais importante de todos, porém, foi Hermafrodito.
A iconografia de Hermes apresenta-o com um chapéu de formato especial, (pétasos), o Pétaso; com sandálias providas de asas e segurando um caduceu com duas serpentes entrelaçadas na parte superior.
Hermes Trimegisto foi um deus tão importante, que, em Listra, a multidão, ao ver um milagre de Paulo, tomou-o por Hermes e gritou entusiasmada, pensando estar diante de deuses, de Paulo e de Barnabé, sob forma humana, e isto porque Paulo parecia ser aquele (Herms), (ho hegúmenos tû lógu), "aquele que lhes dirigia a palavra".
Naquel dia, o grande apóstolo, em companhia de Barnabé, deve tr convertido a muitos, que certamente compreenderam que Paulo não era Hermes, nem tampouco o Lógos, mas um simples instrumento do único e verdadeiro Lógos.
Hermes
Hermes com o Caduceu
Pintura Clássica de Tiépolo - (1696 - 1770)

HERMES (MERCÚRIO)

Os gregos dedicavam especial predileção ao deus Hermes, a quem veneravam por considerá-lo benfeitor e defensor da humanidade diante dos demais deuses olímpicos. Segundo a mitologia grega, ele era filho de Zeus com a ninfa Maia, sendo reverenciado pelos homens como deus da fertilidade, como protetor dos rebanhos - e por isso mesmo associado com freqüência a divindades ligadas aos vegetais -, além de várias outras atribuições, entre elas as de mensageiro dos deuses; protetor das estradas e viajantes; condutor das almas ao Hades (inferno); deus da fortuna, da eloqüência e do comércio; patrono dos ladrões e inventor da lira (quando ainda criança).
Sobre isso, diz Thomaz Bulfinch, em seu O Livro de Ouro da Mitologia, que “certo dia, encontrando um casco de tartaruga, (ele) fez alguns orifícios nas extremidades opostas do mesmo, introduziu fios de linho através desses orifícios, e o instrumento estava completo. As cordas eram nove, em honra das musas.
Mercúrio ofereceu a lira a Apolo, recebendo dele, em troca, o caduceu”.
As esculturas e desenhos mais antigos mostram-no como um homem adulto, barbudo e vestido com túnica longa, mas outras representações, porém, o apresentam na figura de um pastor trazendo sobre os ombros um carneiro. Posteriormente ele foi mostrado como sendo um jovem imberbe e de porte atlético, cabeça coberta por capacete alado, asas nos pés, e segurando em uma das mãos o caduceu, bastão mágico com que distribuía fortuna.
Hermes grego corresponde ao Mercúrio romano, deus do comércio, mas considerado primeiramente como deus dos cereais, razão pela qual seu primeiro templo foi erguido em 495 a.C., na região do Circo Máximo, em Roma, depois de uma epidemia de fome.
A partir daí tornou-se patrono dos negociantes e de todas as corporações desse segmento de atividade e, mais tarde, a divindade que tutelava os ladrões e trapaceiros. As palavras comércio, mercado e mercenário derivam do latim “merx” (mercadoria), da mesma forma que o próprio nome da entidade divina.
Tornou-se, ainda, o deus das Ciências, da Eloqüência, das Artes e padroeiro dos atletas. Galante e conquistador por natureza, tornou-se pai de muitos filhos, entre os quais Hermafrodito, Autólico (padroeiro dos ladrões) e Pã (o deus agreste). Suas qualidades, no entanto, acabaram sendo obscurecidas pelos defeitos que demonstrou, razão pela qual foi acusado de inúmeras ladroeiras e por isso expulso do céu, reduzido à função de guardador de rebanhos na Terra.
Sobre o caduceu de Hermes, Joffre M. de Rezende, Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, esclarece em seu trabalho escrito “O Símbolo da Medicina: Tradição e Heresia”, que ele “é, de longa data, o símbolo do comércio e dos viajantes, sendo por isso utilizado em emblemas de associações comerciais, escolas de comércio, escritórios de contabilidade e estações de estradas de ferro. Surge, então, a questão principal do tema que estamos abordando. Por que o símbolo do deus do comércio passou a ser usado também como símbolo da medicina? Mais de um fato histórico concorreu para que tal ocorresse”.
E apresenta uma série deles, entre os quais os seguintes:
3 - Um terceiro fato a que se atribui a confusão entre o bastão de Asclépio e o caduceu de Hermes, se deve à iniciativa de Johan Froebe, um editor suíço de grande prestígio, ter adotado para a sua editora, no século 16, um logotipo semelhante ao caduceu deHermes, e o ter utilizado no frontispício de obras clássicas de medicina como as de Hipócrates e Aetius de Amida. Outros editores na Inglaterra e posteriormente nos Estados Unidos, utilizaram emblemas similares, contribuindo para a difusão do caduceu. Admite-se que a intenção dos editores tenha sido a de usar um símbolo identificado com a transmissão de mensagens, já que Hermes era o mensageiro do Olimpo. Com a invenção da imprensa por Gutenberg, a informação passou a ser transmitida por meio da palavra impressa, e eles, os editores, seriam os mensageiros dos autores. Outra hipótese é de que o caduceu tenha sido usado equivocadamente como símbolo de Hermes Trimegistos, o Hermes egípcio ou Thot, deus da palavra e do conhecimento, a quem também se atribuía a invenção da escrita. Em antigas prensas utilizadas para impressão tipográfica encontra-se o caduceu de Hermes como figura decorativa.
4 - Outro fato que certamente colaborou para estabelecer a confusão entre os dois símbolos é o de se conferir o mesmo nome de caduceu ao bastão de Asclépio, criando-se uma nomenclatura binária de caduceu comercial e caduceu médico. Este erro vem desde o século XIX e persiste até os dias de hoje. Em 1901, o exército francês fundou um jornal de cirurgia e de medicina chamado Le caducée, no qual estão estampadas duas figuras estilizadas do símbolo de Asclépio, com uma única serpente. Desde então, a palavra caduceu tem sido usada para nomear tanto o símbolo de Heres, como o bastão de Asclépio.
5 - O fato que mais contribuiu para a difusão do caduceu de Hermes como símbolo da medicina foi a sua adoção pelo Exército norte-americano como insígnia do seu departamento médico (segue-se, no texto original, o relato dos fatos que antecederam e propiciaram a adoção dessa medida).

Hermes (deus menor)




As origens do mito de Hermes são incertas, e as opiniões variam entre considerá-lo um deus autóctone, cultuado desde o Neolítico, ou como uma importação asiática, talvez através de Chipre ou da Cilícia bem antes do início dos registros escritos na Grécia. O que parece certo é que seu culto estava estabelecido na Grécia desde uma época bastante remota, provavelmente fazendo dele um deus da natureza, dos agricultores e dos pastores. É possível também que tenha sido desde o início uma divindade com atributos xamânicos, ligados à divinação, à expiação, à magia, aos sacrifícios, à iniciação e ao contato com outros planos de existência, num papel de mediador entre os mundos visível e invisível. Seja como for, se tornou um dos deuses mais presentes em toda a mitologia grega, e dificilmente algum dos mitos principais não conta com a sua participação, assumindo uma grande quantidade de epítetos, formas e atributos. Entre as funções mais comumente ligadas a ele na literatura grega estão as de ser o mensageiro dos deuses, e o deus das habilidades da linguagem, do discurso eloquente e persuasivo, das metáforas, da prudência e da circunspecção, também das intrigas e razões veladas, da fraude e do perjúrio, da sagacidade e da ambiguidade, por isso era patrono dos oradores, dos arautos, dos embaixadores e diplomatas, dos mensageiros e dos ladrões. Como inventor, se diz que havia inventado o fogo, a lira, a syrinx, o alfabeto, os números, a astronomia, uma forma especial de música, as artes da luta, da ginástica e do cultivo da oliveira; as medidas, os pesos e várias outras coisas. Pela sua constante mobilidade e outras qualidades intelectuais e relacionais, foi considerado o deus do comércio e do intercâmbio social, da riqueza advinda dos negócios, especialmente do enriquecimento súbito ou inesperado, das viagens, das estradas e encruzilhadas, das fronteiras e das condições limítrofes ou transitórias, da mudanças, dos umbrais, dos acordos e contratos, da amizade, da hospitalidade, do intercurso sexual; era o deus do jogo de dados, dos sorteios, da boa sorte; dos sacrifícios e dos animais sacrificiais, dos rebanhos e pastores, da fertilidade da terra e do gado. Seu ministério a Zeus não se resumia à condição de mensageiro, mas fora incumbido ainda de servir a sua taça, por isso era o deus dos banquetes, e de conduzir a sua carruagem. Também era quem levava as almas dos mortos para o Hades, e quem dirigia os sonhos enviados aos mortais por Zeus. Em aspectos limitados, era também um deus da medicina, associado a Higéia e capaz de restaurar a virilidade, afastar pragas, ajudar o parto e curar com certas plantas.

HÉRMES (Mercúrio)

mensageiro dos deuses, protetor dos pastores, dos negociantes, dos ladrões e inspirador da eloqüência.
Equivalente, em Roma, a Mercúrio.
Usava sandálias com asas, um chapéu de abas largas, e segurava uma vara (caduceu) onde se enrolavam duas serpentes.
Apesar de enfaixado e colocado no vão de um salgueiro, árvore sagrada, símbolo da fecundidade e da imortalidade, o que traduz, de saída, um rito iniciático, o menino revelou-se de uma precocidade extraordinária.hermes
No mesmo dia em que veio à luz,desligou-se das faixas, demonstração clara de seu poder, viajou até a Tessália, onde furtou uma parte do rebanho de Admeto, guardado por Apolo, que cumpria grave punição.
Percorreu com os animais quase toda a Hélade, tendo amarrado folhudos ramos na cauda dos mesmos, para que, enquanto andassem, fossem apagando os próprios rastros.
hermes1
Numa gruta de Pilos sacrificou duas novilhas aos deuses, divindo-as em doze porções, embora os imortais fossem apenas onze: é que o menino-prodígio acabava de promover-se a décimo segundo.
Após esconder o grosso do rebanho, regressou a Cilene. Tendo encontrado uma tartaruga à entrada da caverna, matou-a, arrancando-lhe a carapaça e, com as tripas das novilhas sacrificadas, fabricou a primeira lira.
Apolo descobriu o paradeiro do ladrão e o acusou formalmente perante Maia, que negou pudesse o menino nascido há poucos dias e completamente enfaixado, ter praticado semelhante roubo.
Vendo o couro dos animais sacrificados, Apolo não teve mais dúvidas e apelou para Zeus.
Este interrogou habilmente ao filho, que persistiu na negativa.
Convencido de mentira pelo pai e obrigado a prometer que nunca mais faltaria com a verdade, Hermes concordou, acrescentando, porém, que não estaria obrigado a dizer a verdade por inteiro.
Encantado com os sons que o menino arrancava da lira, Apolo trocou o rebanho furtado pelo novo instrumento de som divino.
Um pouco mais tarde, enquanto pastorava seu gado, Hermes inventou a flauta de Pã.
Apolo desejou também a flauta e ofereceu em troca o cajado de ouro de que se servia para guardar o armamento do rei Admeto.
Hermes aceitou o negócio, mas pediu ainda lições de adivinhação.
Apolo assentiu e, desse modo, o caduceu de ouro passou a figurar entre os atributos principais de Hermes, que, de resto, ainda aperfeiçoou a arte divinatória, auxiliando a leitura do futuro por meio de pequenos seixos.
Hermes, por ter furtado o rebanho de Apolo, se tornou símbolo de tudo quanto implica em astúcia, ardil e trapaça: é um verdadeiro trapaceiro, um velhaco.
Dele, disse Zeus:
- Hermes, tua mais agradável tarefa é ser o companheiro do homem..
Nesse sentido, Hermes, o mensageiro, é o dispensador de bens.
Protetor dos viajantes, é o deus das estradas.
Para os gregos, Hermes regia as estradas, porque andava com incrível velocidade, pelo fato de usar sandálias de ouro, e, se não se perdia na noite, era porque, dominando as trevas, conhecia perfeitamente o roteiro.
Com a rapidez que lhe emprestavam suas sandálias divinas, tornou-se o mensageiro predileto dos deuses, sobretudo de seu pai Zeus.
A grande tarefa de Hermes consistia em ser o intérprete da vontade dos deuses.
Foi quem adormeceu e matou Argos, o gigante de cem olhos, colocado pela ciumenta Hera como guardião da vaca Io.
Levou ao monte Ida, na Frígia, as três deusas, Hera, Atena e Afrodite, para que o pastor Páris fosse o árbitro na magna querela provocada por Éris, acerca da mais bela das imortais.
Por ordem expressa de Zeus, cumpriu a ingrata missão de levar a Prometeu, aguilhoado a um penedo, o ultimatum.
A ele coube, igualmente, a gratíssima tarefa de conduzir Psiquê para o Olimpo, a fim de que se casasse com Eros.
Hermes é o que sabe e, por isso mesmo, aquele que transmite toda ciência secreta.
Todo aquele que recebeu deste deus, o conhecimento das fórmulas mágicas, tornou-se invulnerável a toda e qualquer obscuridade.
Hermes costumava ser invocado nas cerimônias dos magos como transmissor de fórmulas mágicas.
Inventor de práticas mágicas, eis aí o grande título de Hermes, o vencedor mágico da obscuridade, porque sabe tudo e, por esse motivo, pode tudo.
Assimilado ao deus egípcio Toth, mestre da escritura e, por consequência, da palavra e da inteligência, mago terrível e patrono dos magos, que, já no século V a.C., era identificado a Hermes, com o nome de Hermes Trimegisto, isto é, Hermes três vezes Máximo, e sobreviveu através do hermetismo e da alquimia, até o século XVII.

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